Nunca o digital imperou tanto como hoje. Entre as inúmeras áreas em que cresceu a sua importância, a dos hábitos de consumo é das que mais se tem destacado e à medida que nos aproximamos das épocas chave do ano – Black Friday, Cybermonday, Natal – os fluxos de compra e venda aumentam de dia para dia.
Segundo um estudo realizado recentemente pela Netsonda para uma das principais cadeias de retalho, quase nove em cada dez portugueses planeiam fazer compras durante a Black Friday e a intenção de compra exclusivamente via digital desceu este ano para 21% face aos 36% do ano passado, mas continua a ser superior à intenção de compras nas lojas físicas (12%). As marcas continuam a acompanhar a tendência e tentam adaptar-se ao máximo ao cenário existente, focando as suas estratégias no incentivo às compras online e à antecipação dos consumidores, de forma a fintarem aglomerações nas lojas físicas e as quebras de stock.
Os descontos chegaram em força, com particular enfoque nas campanhas dirigidas ao comércio eletrónico, a par de outras ações como sejam o reforço e a diversificação de tipos de serviços de entregas.
A implementação de inovações como a realização de vendas através de redes sociais e novos canais digitais (como são exemplo as vendas por WhatsApp), vem enfatizar a toda a aceleração digital fomentada pela pandemia.
Independentemente das estratégias que possam ser implementadas, importa ver além delas e manter presente que o preço de uma compra não é o custo mais elevado que se pode ter nesta época. É essencial que os consumidores estejam conscientes de que existem inúmeros riscos possíveis aquando de uma compra online, e que o conforto e a segurança de suas casas podem ser uma ilusão se não garantirem que cumprem práticas que protejam os seus dados e informações pessoais.
Recentemente, veio a público a notícia do aparecimento de mais de cinco mil sites falsos por semana na internet com o aproximar da Black Friday, tornando o consumidor um alvo cada vez mais vulnerável e fácil de enganar. O preço pode efetivamente ser muito mais alto que o valor de um produto sem desconto.
Profiling, fishing, acesso a contas bancárias e transferências enganosas são apenas alguns dos exemplos a citar. Esta é a altura ideal para as campanhas de captação de vendas digitais e, por inerente consequência, o timing perfeito para uma forte concentração de atividade criminosa nesse mesmo universo. O que fazer para se proteger?
Deixo 9 dicas fundamentais a ter em conta:
– Apenas realizar compras ou ações de caráter pessoal através de ligações de internet à sua rede
privada;
– Utilizar softwares credenciados e atualizados;
– Evitar usar equipamentos públicos e não digitar códigos de acesso ou password pessoais em
dispositivos de terceiros;
– Ter a firewall ativa e antivírus instalado e atualizado;
– Não abrir hiperligações de origem desconhecida;
– Limpar com frequência o histórico de acessos e passwords online registadas nos dispositivos;
– Utilizar apenas websites seguros (o URL deverá começar com https://);
– Não aceitar todas as cookies, nomeadamente as de publicidade para evitar ser impactado por
anúncios personalizados, bem como, a partilha dos seus dados;
– Em caso de fraude, contactar de imediato a entidade bancária e fazer participação à entidade
pública de respeito.
Informações pessoais e privadas em circulação livre digital correm sérios riscos e há que acautelar ao máximo a sua proteção. Em contexto de compras online, cada transação representa uma porta que é aberta e que tem um custo muito para além do monetário associado. É imprescindível essa consciência durante todo o ano, mas sobretudo nesta altura em que o preço tanto importa, não nos esqueçamos do custo da nossa privacidade.
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